Outra fic

Quando eu aceitei participar daquele Reality show, eu sabia que estaria assinando o fim de muitas coisas. Primeiro meu emprego. Eu mal tive tempo de pedir um afastamento. Eu estava trabalhando quando me ligaram. Eu saí feito uma louca de lá sem nem pedir permissão do meu chefe ou comentar com alguém o que eu estava indo fazer já que me pediram ao telefone total sigilo.  Fiquei confinada num quarto de hotel por uma semana sem contato com o mundo exterior. Tudo o que eu queria era ligar pra minha família e pro Lucas, meu namorado. Eu juro que nunca contei pra ninguém que estava quase certo de eu entrar pro Big Brother Brasil. Por esse motivo eu estava tão desesperada. Eu sei que minha família entenderia, mas o Lucas... Eu temia que ele ficasse chateado por eu não ter lhe contado o que estava se passando. Eu ia contar a ele sobre a possibilidade de eu entrar na casa, mas não tive como, pois assim que decidi era tarde.

Eu imagino como deve ter sido um choque pra ele ter me visto na TV quando os integrantes da casa mais vigiada do Brasil chegaram para a estréia do programa. Bom, talvez ele já soubesse que eu estaria lá naquele ponto, mas aposto que ele ficou nervoso quando me viu na TV. Um dia antes eu havia perguntado a ele se ele iria ao meu paredão caso um dia eu participasse do programa e ele me disse “Claro que sim”.
Eu contava os dias naquela casa. Não que eu não estivesse curtindo estar ali, mas ao mesmo tempo em que eu estava me divertindo, meus pensamentos estavam em outro lugar. Às vezes eu chorava quando me lembrava dele.
Ao contrario do que eu achava meu relacionamento dentro da casa com os demais participantes era ótimo. Eu me dava bem com todos, claro que na hora do paredão tinha suas rivalidades, mas acho que por estar sempre de bem com a vida, tentando compreender a todos, eu acabei não indo a nenhum paredão. É sério. O Bial, apresentador do programa, sempre declarava isso maliciosamente nos dias de programa ao vivo. É claro que eu já devo ter recebido algum voto, mas nunca o suficiente para enfrentar o temido paredão. Isso era bom e ruim, bom por que eu tinha mais dias na casa, e foi assim que consegui chegar na final, e ruim por que eu nunca sabia se o Lucas tinha me perdoado.

No final do programa só restaram três pessoas, uma delas eu. Eu estava tão ansiosa que de segunda para terça nem consegui dormir. O Lucas estaria lá para me ver? Eu achava que não. Eu sempre brincava com ele que se eu fosse um dia pro Big Brother Brasil ele não apareceria no meu paredão por estar sempre inventando alguma desculpa de estar ocupado para não sair comigo em algum evento. Então eu já me conformava mentalmente quanto a isso. Eu acho que naquele dia eu estava mais nervosa por vê-lo do que pra ganhar o 1 milhão e meio. Na hora que eu ajudava a Diana, minha companheira de confinamento, a fazer o almoço eu acabei chorando e contando a ela o que estava me deixando tão aflita e ela me deu algumas palavras de consolos que realmente ajudaram.

Quando chegou a noite eu não agüentava mais. Eu precisava sair daquela casa. A primeira coisa que eu faria era ligar pra ele. Ir a casa dele eu sabia que seria impossível, pois como de costume eu sabia que no final do programa tinha uma festinha. Meu coração devia estar a quase duzentos quando vi a imagem do Bial na TV. Ele me chamou e me fez a seguinte pergunta “Quem você acha que não viria?” E então comecei a chorar. Ele não diria aquilo a toa. Com a voz trêmula eu respondi “O Lucas, meu namorado” e então a câmera virou-se para minha família, havia algumas pessoas que eu não conhecia também, e lá no meio daquela multidão, ao lado do meu pai estava ele, o Lucas. Ele tinha vindo como havia prometido e aquilo significava que ele ainda me amava.

Eu não ganhei o 1 milhão naquele dia, mas saí do programa sabendo que havia uma pessoa lá fora que me amava assim como eu o amava, e isso era só o que importava, nada mais.